No dia 6 de fevereiro de 2000, há quatorze anos, o adestrador de cães Edson Néris da Silva foi brutalmente assassinado por um grupo de skinheads na Praça da República, centro de São Paulo. O motivo? Passava pela praça de mãos dadas com seu namorado Dario Pereira Netto. Isso foi o suficiente para que um bando de “carecas” voassem em cima dos dois munidos de correntes, soco inglês, chutes e pontapés. Dario conseguiu correr, entrou no metrô e pediu ajuda para os seguranças, Edson foi espancado brutalmente até a morte. Seu corpo foi deformado tamanha violência dos golpes de chutes e murros. Muitos deles desferidos com soco-inglês.
Um vendedor ambulante que estava no local e presenciou tudo, inconformado seguiu o grupo até um bar no bairro do Bexiga, onde tranquilamente tomavam cervejas, provavelmente comemorando o ato. Ele telefonou para a polícia, que cercou o bar, as 3h30 da madrugada do domingo 6, e prendeu 25 pessoas. Liberou sete menores e prendeu 16 homens e 2 mulheres. Todos eram integrantes do grupo skinhead “Carecas do ABC”. Desses vinte e cinco, apenas três foram condenados, dois deles a vinte e um anos de prisão; dez anos depois todos estão soltos.
O promotor Dr. Marcelo Milani que ofereceu denúncia contra os três réus foi considerado, por muitos, um herói na época. Durante todo o processo ele conduziu o crime praticado pelos skinheads como um crime de ódio, tipologia criminal na época inexistente no Brasil.
O crime foi manchete de jornal, revistas, ocupou espaço nos debates de movimentos sociais, anarquistas, anarcopunk, feministas, organizações LGBT e órgãos internacionais de Direitos Humanos que acompanharam de perto e com atenção o caso. De Norte a Sul do Brasil, discutia-se questões como orientação sexual, direito das minorias e a palavra homofobia entrou para o dia-a-dia dos meios de comunicação e mais efetivamente nos espaços políticos da militância. Dias após o crime, um grupo de quinhentas pessoas se reuniu na Praça da República para uma vigília em memória de Edson Néris.
Edson Néris foi assassinado por ser homossexual.
Desde então também é organizado o Fevereiro Antifascista, que neste ano entra na sua décima quarta edição – 14a. JORNADAS ANTIFASCISTA – FEVEREIRO DE 2014., com extensa programação que se inicia neste sábado, dia 8 de fevereiro de 2014.
Breve histórico: Durante todos estes anos foram organizadas uma série de atividades envolvendo atos públicos, panfletagens, debates, palestras, exposições, apresentação de bandas, exibições de vídeos e sobretudo a denúncia das ações intolerantes praticadas por grupos nazi-fascistas e skinheads. Todas essas atividades sempre foram organizadas em conjunto com a participação de diversas entidades da Sociedade Civil, como ONGs, movimentos sociais, grupos culturais e etc. Ultrapassando os limites de São Paulo, anarcopunks de outras localidades passaram também a organizar atividades anti-fascistas durante o mês de fevereiro.
http://anarcopunk.org/mapsp/2014/02/05/fevereiro-anti-fascista-2014/
Se o fascismo está aqui, vamos combatê-lo!