Data:
Sat, 31/05/2014 – 17:30
Local:
Centro Mário Dionísio, Lisboa
organização: UNIPOP e revista imprópria
Com a participação de:
Mariana Carrolo – doutoranda em História da Arte Contemporânea na FCSH-UNL, com uma tese subordinada ao tema «Arquitectura Prisional Portuguesa: Forma, Experiência e Representação do Espaço. O Estabelecimento Prisional de Monsanto». Membro convidado do Instituto de História de Arte (IHA) da FCSH-UNL. Lecciona no estabelecimento prisional de Monsanto desde 2009.
António Dores – professor no departamento de Sociologia do ISCTE e investigador do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES). Membro da Associação Contra a Exclusão pelo Desenvolvimento (ACED). Co-fundador do Grupo de Intervenção nas Prisões (GIP).
Vera Silva – mestre em Antropologia Social e Cultural pela Universidade de Coimbra. Actualmente doutoranda em Antropologia Social e Cultural na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
Temas das intervenções:
António Dores – ‘A celebração das resistências às prisões políticas nas masmorras da democracia (Monsanto: uma prisão de alta segurança)’
Mariana Carrolo – ‘Entre o discurso e a arquitectura – e a dinâmica do Lugar. A experiência na prisão de Monsanto’
Vera Silva – ‘Controlo e punição: as prisões para as mulheres’
A prisão enquanto figura de um poder normativo encontra-se no lugar complexo de entrelaçamento de um sistema carcerário e um sistema penal que juntam na sua estrutura discursos e arquitecturas, regulamentos coercitivos e argumentos científicos, efeitos sociais reais e utopias invencíveis. Na actualidade, a necessidade cada vez maior de segurança no quotidiano parece estranhamente compatível com a denúncia politicamente correcta das condições carcerárias inumanas. Um debate efectivo acerca dos métodos de punição e dos espectros da violência nas prisões (tortura, violação, maus tratos, fome, sobrelotação) vê-se constantemente adiado e escamoteado pelo discurso emocional da segurança dos cidadãos.
Mas como discutir as atrocidades que acontecem nas «câmaras escuras» deste mecanismo que perpetua em silêncio uma «ilegalidade institucionalizada»? Como denunciar a violência que aí fica entregue à opacidade? Como operar no seu interior se estamos condenados a habitar a sua exterioridade? Como não subestimar a capacidade de mutação das prisões, se estamos a ser confrontados com a ilusão da sua perenidade, da sua evidência?
Tendo como principal objectivo lançar uma discussão sobre o tema da violência nas prisões, procuraremos discutir a prisão enquanto dispositivo de controlo mais amplo. Trata-se de pensar a sua dimensão histórica e social, bem como problematizar a própria lógica de monopólio da violência por parte do Estado.
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